As estradas da zona rural de Viamão não oferecem condições de trafegabilidade. Já aconteceu muitas vezes de crianças ficarem na estrada, com fome, frio e tristesa, em uma área onde não tem sinal de telefone, porque o ônibus escolar atolou . . .
Buraqueira e atoleiro têm causado reclamações e insatisfação dos moradores de Itapuã, na zona rural de Viamão. A comerciante Cristina Machado, 37 anos, contou ao Sexta em abril que as estradas da Quebrada, Beco dos Laços e Curral da Macega, que ligam o distrito à zona urbana da cidade, não oferecem condições nenhuma de trafegabilidade.
Segundo ela, as vias são irregulares e não têm pavimentação, sendo de areia e terra vermelha. Quando chove, as estradas ficam ainda piores, com grandes buracos e água acumulada. Assim, até mesmo ônibus e caminhões têm dificuldade de realizar travessias.
– Já aconteceu muitas vezes de crianças ficarem na estrada, com fome, em uma área onde não tem sinal de telefone, porque o ônibus escolar atolou. Imagina a preocupação das famílias até os pais descobrirem em que ponto da estrada o veículo ficou – pontua Cristina.
Em outro trecho de Itapuã, no Beco dos Cachorros, via que leva à Curral da Macega, a agricultora aposentada Vanda Terezinha Sanhudo Ramos, 61 anos, também relata situação parecida.
– O ônibus da escola da minha neta vem até certo ponto e volta. Ele não passa aqui porque a estrada está toda esburacada. Se começar a chuva, minha neta vai ter que parar de ir para a escola porque não vai ter condições de usar a rua – lamenta a triste moradora.
Vanda diz que, há cerca de quatro anos, as máquinas da prefeitura não fazem uma restauração profunda na via – apenas tapam buracos, o que faz com que o problema retorne com frequência e não seja resolvido.
Inacessível
Essas questões impactam na qualidade de vida dos moradores que, por vezes, ficam sem acesso a educação, saúde e segurança por não conseguirem se locomover na cidade.
– Um senhor teve uma hemorragia e não conseguiu passar pela rua. Ele precisou chamar o filho, que é de Porto Alegre, para conseguir ir ao hospital. Nesse tempo que levou, poderia ter acontecido algo pior – exemplifica Cristina.
Ela ainda conta que, até para carros da Brigada Militar e para ambulâncias, a situação é difícil. De acordo com a moradora, em alguns momentos, a situação das vias impossibilita a efetividade desses serviços essenciais.
Sem solução
Cristina vive desde 2014 em Itapuã e explica que o problema piorou recentemente, após o início de uma obra no bairro Parque Florestal, no limite de Viamão com Porto Alegre. Caminhões passaram a buscar toneladas de areia em jazidas da região e transportar até a obra, deteriorando ainda mais as vias.